Em nosso mundo moderno estamos à mercê de sons que não podemos controlar, considerando principalmente o fato de residirmos, quase que em maioria, em cidades com trânsito caótico, aglomerações, sons artificiais de todas as classes. São motores, jogos eletrônicos, motocicletas “envenenadas”, carros de som...
Poderíamos dizer que já estamos acostumados ao barulho. Tanto que muitos de nós sequer conseguem suportar o silêncio. Apelam então a uma música de fundo, uma televisão ligada, um fone de ouvido. Parece que precisamos de uma ferramenta para impedir que entremos em contato com nossas realidades internas, com nossas dores profundas, angústias e infelicidade.
Muitos também desconhecem os benefícios do silêncio para a saúde física e mental: contra o estresse, o mau humor, a favor da memória, da criatividade, entre tantos outros.
Acostumamos tanto ao barulho sintético, que sons terapêuticos como o canto dos pássaros, o “canto” da chuva e todos os “cantos” da Mãe Natureza, passam totalmente despercebidos.
A verdade é que todos nós desaprendemos a silenciar. Ouvir tornou-se absurdamente mecânico. Ouvimos tudo e ouvimos nada.
Condições sonoras externas apropriadas são maravilhosas, mas não bastam para nós “aspirantes a REVOLUCIONÁRIOS”. Escutar o canto dos pássaros já deveria ser tão normal quanto respirar, mas somente isso também não nos fariam avançar no trabalho esotérico.
O urgente e inadiável é priorizarmos o “SILÊNCIO INTERIOR DIÁRIO”.
Não precisamos enfatizar que todo e qualquer barulho mental provém do ego. Uma mente barulhenta não nos permite ouvir, não nos permite ver, não nos permite constatar rapidamente que algo está queimando perto de nós, não nos permite proferir palavras sábias.
Quem não ouve não consegue colocar-se no lugar do outro. Quem não consegue colocar-se no lugar do outro não consegue perdoar. Quem não perdoa não chega ao Amor...
Quando estamos envolvidos com qualquer pensamento, grande ou pequeno, estamos distraídos e, em consequência, adormecidos. E Quando estamos adormecidos somos os mesmos “mornos” de sempre.
DEUS REVELA-SE NO SILÊNCIO!
Nosso PAI revela-SE no Silêncio, nossa Mãe revela-SE no Silêncio!
É no Silêncio Interior que logramos auto-observação.
É no Silêncio Interior que logramos a Morte.
É no Silêncio Interior que logramos o Desdobramento Astral.
É no Silêncio Interior que logramos a Meditação.
Quando um filho nos chama por estar em perigo, como escutaremos se estamos com fones de ouvido?
Como podemos cobrar Intuição do nosso Ser se é ao Ego a quem escutamos?
COMEÇANDO...
Já devemos saber que as bases de nosso trabalho são a Auto-Observação e a Morte em Marcha. Precisamos nos perguntar então quem vamos permitir que assuma nossa mente. Quem queremos no comando? A quem verdadeiramente queremos seguir? Parece que ainda não compreendemos que para lograr êxito em nosso trabalho necessitamos fazer escolhas conscientes, de instante a instante e não somente em algum momento do mês ou ano. A cada pensamento devemos escolher entre nossa Mãe e nosso Ego. Quem está vencendo?
Talvez estejamos perdendo inúmeras oportunidades diárias, ignorando pensamentos corriqueiros. Ficamos preferencialmente atentos às manifestações dos defeitos em suas formas mais perceptivas, dos maiores barulhos. Ocorre que, dependendo da situação de cada um, podem haver espaços muito grandes entre a manifestação de um eu e outro (pelo menos no que percebamos).
O que fazemos nesses espaços “vazios”? Estamos atentos? Em real Auto-Observação? Será que ficamos “quietinhos”, apenas com alguma constatação aqui, outra ali, uma opinião lá, outra acolá... sem darmos a devida importância? Pensamentos curtos, ou nem tanto, que acreditamos, mesmo inconscientemente serem totalmente inofensivos, afinal não nos remetem à gula, à ira, à cobiça, à luxúria...
Estamos na fila lenta de um banco e não estamos irritados. Superamos essa fase. Ótimo! Porém, observamos coisas, pessoas e emitimos opiniões.
- Que sofá bonito! mas eu teria escolhido uma estampa de outra cor...
- Que piso brilhante! Qual será o produto que utilizam? Será que dá para utilizar em madeira? Caso eu veja a faxineira vou perguntar. Será que ela está por aí?
- Aquele vidro da janela está trincado... Que perigo! O gerente não está atento. Deve ser difícil trocar. Será que eles têm uma escada grande ou precisam chamar serviços terceirizados?
Opinamos o tempo todo. Emitimos pareceres o tempo todo, afinal sabemos das coisas, somos inteligentes e principalmente amamos ouvir nossas próprias opiniões. CHEGA! É tempo de ficarmos quietos. Já deveríamos dominar os burburinhos mentais. A observação verdadeira por si só nos fornece a compreensão das coisas e fatos. Nossa opinião mental é totalmente desnecessária.
O sofá é bonito. PONTO (.)
O piso é brilhante. PONTO (.)
O vidro está trincado. PONTO (.)
A “constatação” não necessita de palavras adicionais. Palavras adicionais já são o início da tagarelice e há tempo estamos lutando contra isso.
“Presta atenção Jó, escuta-me, guarda silêncio, enquanto falo ao teu coração” (JÓ 33:31)
PRÁTICA
Podemos iniciar nossas manhãs firmando um “pacto de silêncio”, com o propósito de não emitirmos opiniões e considerações internas.
Podemos ter em mente a imagem da enfermeira sugerindo silêncio utilizado em hospitais, para lembrarmos do nosso propósito durante o dia. Melhor ainda se utilizarmos a imagem de nossa Mãe nos pedindo silêncio.
Logicamente não vamos cessar com os pedidos de morte. A intenção é percebermos como opiniões e comentários diminutos podem nos levar ao fracasso nas práticas, não só da morte, mas do desdobramento, meditação...
À noite devemos realizar a prática do Morto: Vamos deitar na posição de um morto, (decúbito dorsal) com os braços estendidos. Devemos imaginar que estamos mortos e faremos de tudo para não movermos um dedo sequer, permanecendo imóveis. A partir daí a cada pensamento que chegar (sem dar chance para que ele se manifeste), apelaremos a nossa Mãe Divina com veemência: - Minha Mãe: com tua lança desintegre este pensamento!!! Peço-te: Morte! Morte! Morte! (Imaginamos que este ego explode no ar e vira pó).
“Inquestionavelmente, dentro de cada um de nós existem demasiados pensadores; não obstante, cada um destes, apesar de ser tão só parte, crê-se o todo num dado momento...” (Samael Aun Weor)
Paz Inverencial!
*Colaboração: irmãos gnósticos da S.O.S.